quinta-feira, dezembro 16, 2004

A Tribo dos derbies

Nunca há partidas perfeitas, mas mesmo que estivesse lá perto o adepto tem sempre qualquer defeito a dar. Discutem-se as arbitragens, se os treinadores fizeram ou não as substituições ideais, se os jogadores jogaram ou não bem, mas nunca se retratam a eles próprios. É bonito...
Ontem no Pavilhão Paz e Amizade voltou a confirmar-se a teoria que vem no livro "A tribo do futebol", que defende que as pessoas quando assistem em conjunto a um evento desportivo (no caso da obra ao futebol) reagem da forma mais primária, tornam-se mais agressivas e, acrescento eu, talvez um pouco irracionais.
No recinto não estiveram adeptos do futsal, mas sim apaixonados pelo Sporting e Benfica, apaixonados de tal forma que muitos deles nem devem ter visto o jogo, tal a forma fervorosa por que não só gritavam pelo seu clube como insultava o adversário e o seu público. É bom ver toda esta paixão, mas é mau quando se torna demasiado irracional e primária...
Foi lamentável ver um jovem adepto perder a cabeça e agredir um jogador, neste caso Bibi. Resultado: foi imediatamente levado pela polícia para fora do pavilhão e acabou por não assistir ao resto do confronto nem festejar a vitória da sua equipa. Será que no meio daquela explosão irracional de adrenalina aquele jovem teve tempo de pensar nestas consequências?
É quase como se fosse um clima de guerra, de matar ou morrer. O que pode ser mau. Gosto muito de ver festa das claques, a cantar, a dar força aos seus ídolos, mas não consigo aceitar certo tipo de acções, que em nada favorece o desporto. Assusta-me por isso pensar que um "derby" em futsal esteja cada vez mais parecido com o futebol. Deixa de interessar quem está em campo, se calhar nem se sabe os nomes dos artistas, porque isso acaba por não interessar nada. Vai-se ali para uma batalha e esquece-se tudo aquilo que significa o desporto e os principios do "fair-play".
Há que repensar estas atitudes selvagens e primárias, os nossos artistas e o futsal merecem mais do que isso...

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