sábado, dezembro 09, 2006

Racismo no futsal

Se há temas que me deixam fora do sério são aqueles que se relacionam com qualquer tipo de discriminação. Infelizmente já senti na pele alguma dessa estupidez humana, nomeadamente no que se refere ao facto de ser uma mulher a trabalhar num meio de homens.
Independentemente de tudo, é fundamental que nos saibamos respeitar, pois não somos todos iguais a há coisas que não podemos escolher, nomeadamente o nosso género sexual e a nosa raça.
É por considerar que é um tema que merece reflexão, que de seguida apresento um texto do jornalista Bruno Teixeira, do jornal O Norte Desportivo, onde se fala de um alegado caso de racismo no futsal português.
Vale a pena reflectir...


VITÓRIA DA UTAD EM COIMBRA DEIXOU MARCAS NOS TRANSMONTANOS
MATÉ E COUVES VÍTIMAS DE RACISMO

A UTAD alcançou um relevante triunfo no último fim-de-semana, mas o triunfo perdeu qualquer importância porque, segundo indicam os transmontanos, dois dos seus jogadores foram alvo de racismo por parte de alguns adeptos.

O guineense Maté e Couves, português de descendência africana, foram, no último fim-de-semana, o alvo preferencial de alguns adeptos presentes no encontro entre a Académica e a UTAD, que terminou com a vitória dos visitantes por 4-3.
Desagrado com a violência verbal, gratuita, de que foi alvo, Maté acabaria mesmo por ser expulso, já depois do soar do apito, numa atitude de revolta. “Quando o jogo acabou chutei a bola para a bancada, mas não foi para atingir ninguém. Aliás, foi apenas um grito de revolta, tanto que nem chutei para o lugar onde estavam os elementos que me ofenderam. Devido a essa atitude, o árbitro deu-me o segundo «amarelo», pelo que estarei castigado para o jogo de hoje (ndr. recepção ao ARCA). A UTAD fez uma exposição do caso à Federação Portuguesa de Futebol mas não vai adiantar de nada. Penso que o árbitro poderia ter sido mais compreensivo, atendendo ao que passei. No entanto, também reconheço que não agi da melhor forma, aliás, pedi desculpa quer ao árbitro, quer aos adversários”, começa por indicar, a O NORTE DESPORTIVO, Mate, antes de recuperar os acontecimentos do decorrer do encontro. “Cada vez que tocava na bola imitavam o som dos macacos e insultaram-me, tal como ao Couves, o jogo todo. Só me apercebia mais dos insultos no tempo em que ia para o banco”, recorda, ilibando, no entanto, o grosso dos adeptos da Académica, tal como os jogadores adversários. “Aquilo não teve nada a ver como o jogo, com os elementos ligados à Académica ou com a maior parte das pessoas presentes. Foram apenas meia dúzia de elementos que estavam junto a uma faixa da «Mancha Negra» (ndr. claque oficial da Académica)”, sublinha.
O jogador guineense indica que “já tinha vivido uma ou outra situação deste género mas nunca com esta intensidade”. Ainda, só que não acha que valha a pena tomar alguma atitude. “Fico muito triste com tudo isto, mas não adianta nada fazer algo. Não apresentei queixa à Polícia porque se presenciaram a tudo e não fizeram nada na altura, não era agora que o iam fazer. Num outro país esses elementos seriam detidos de imediato, porque racismo é crime”, lamenta.

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COUVES
TENTAR IGNORAR… OS IGNORANTES
Tal como Maté, também Couves foi vítima de insultos e imitações grosseiras durante o encontro em Coimbra. No entanto, o jogador prefere esquecer rapidamente o que aconteceu, ciente de que poderá acontecer em qualquer outro momento. “Infelizmente, já não é a primeira vez que acontece uma coisa deste género. Contudo, no Norte nunca tinha tido problemas desta índole”, refere, tentando desvalorizar o sucedido. “A ignorância é dessas pessoas, infelizmente não há nada que possamos fazer. Temos que tentar manter-nos à parte de isto tudo e manter a concentração no jogo. Que tenha sido uma vez sem exemplo. Quero é jogar, com tranquilidade, e responder a esse tipo de atitudes com boas exibições e golos”, indica.

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LUISINHO
SITUAÇÃO CONDENÁVEL MAS ESTÃO A EMPOLÁ-LA
Do lado da Académica, o «capitão» Luisinho coloca-se ao lado dos protestos transmontanos, embora considere que a situação está a ser empolada. “Está a ser um exagero o que se tem dito. Sou, tal como todo o grupo de trabalho, completamente contra este tipo de atitudes, mas penso que estão a empolar a situação. Em qualquer lado há «atrasados» que têm atitudes deste género, mas, infelizmente, não há nada a fazer. Também na Académica vivemos situações idênticas, com alguns jogadores de cor que nos representaram a serem visados. É de lamentar, e de condenar, mas também não se justifica tanto alarido”, considera.

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MANCHA NEGRA
UM DOS NOSSOS MAIORES ÍDOLOS ERA MOÇAMBICANO…
Também o líder da Mancha Negra, claque oficial da Académica, repudia qualquer tipo de atitude racista, mas sublinha que a claque nada teve a ver com o sucedido. “Não tive conhecimento dessa situação porque, ao contrário do que é habitual, não pude estar presente. Vamos sempre apoiar o futsal da Académica a não ser que o jogo coincida com o futebol. Não ponho a mão no fogo por ninguém mas duvido que tenham sido elementos da «Mancha». Essas atitudes não fazem parte da nossa filosofia e maneira de estar, embora, como é óbvio, não possamos controlar toda a gente”, explica, ao ND,
Tiago Carraça. “Contudo, quem lá esteve pode, perfeitamente, ter-se colocado junto da nossa faixa – se é que era nossa –, até porque, regra geral, as pessoas concentram-se muito perto umas das outras, logo podem ser confundidas com a claque”, ressalva.
O que o líder da claque garante é que “na «Mancha» entra quem é da Académica e não quem tem determinado tom de pele. Estas perseguições já começam a aborrecer porque atribuem-nas à Mancha Negra e não temos nada a ver com isso. Já com as faixas dirigidas ao mister Francisco Baptista foi a mesma coisa. Repudiamos qualquer tipo de atitude deste género, o historial da «Mancha» fala por si. Aliás, um dos nossos grandes ídolos era moçambicano, o Dário, e a prova da nossa relação com ele é que escolheu a data da nossa fundação como o número para envergar quando regressou à Académica”, sublinha.

Fonte: O Norte Desportivo

1 comentário:

Anónimo disse...

Os doutores de Coimbra sao assim.... alias ha anos que toda a gente sabe que aquela claque é constituida por centenas de skin´s...e mais é la que sao recrutados muitos jovens para o PNR!
Para o Couves e o Maté um abraço especial e força. Nao se deixem levar por Luisinhos e companhia... Sim esse Luisinho nunca tem nada a ver com o que acontece... 1 pede aos amigos da Mancha para fazerem a cama ao treinador so porque o sentou no mocho e depois diz que nao tem nada a ver com isso.