Foi há 20 anos que pela primeira uma equipa de Futsal, na altura ainda de Futebol de 5, jogou em representação da Selecção Nacional. Foi num jogo diante da Espanha, a contar para o Torneio FIFA, realizado no dia 9 de Fevereiro de 1987.
Na equipa comandada pelo Major Fernando Lopes, alinharam Lino Oliveira (Sporting CP), Samirro (CF “Os Belenenses”), Paulo Mendes – CAP (Sporting CP), Séninho (Sporting CP) e Madié (Sporting CP); jogaram ainda João Trindade (Sporting CP), Eusébio (SL Campo de Ourique), Carlos Silva (GR Galinheiras), Paulo Miguel (GD Frames), Quim (SL Campo de Ourique) e Pedro Catalim (Atlético C Odivelas).
Portugal perderia então, por 4-0, na Corunha, com uma equipa formada por jogadores que actuavam na Associação de Futebol de Lisboa, a única Associação de Futebol do país que acolhia a prática desta variante do Futebol.
No segundo jogo do Torneio FIFA, disputado no dia seguinte em Santiago de Compostela, a Equipa das Quinas voltaria a perder, por 4-3, diante da Bélgica – Séninho marcou, nesse encontro, o primeiro golo da Selecção. No dia 11 de Fevereiro de 2007, Portugal venceria os Estados Unidos, por 4-3, e no último jogo, disputado no dia 12, os jogadores lusos sofreriam uma nova derrota (7-5), diante da Hungria
O 'fpf.pt' falou com o dirigente que acompanhou a equipa
António Silva, actual vice-presidente da Associação de Futebol de Lisboa, acompanhou a equipa na deslocação a Espanha e falou ao ‘fpf.pt’ e recordou, vinte anos depois, o primeiro jogo , as dificuldades sentidas na altura e falou sobre as diferenças que existem no Futsal teve desde então.
‘fpf.pt’: O que se recorda do primeiro jogo da Selecção Nacional de Futsal, então Futebol de Cinco, e da deslocação a Espanha para jogar no Torneio FIFA?
António Silva: A Federação Portuguesa de Futebol foi convidada a participar no segundo Torneio da FIFA de Futsal, que se disputou na região da Corunha. Na altura apenas a Associação de Futebol de Lisboa possuía Futebol de Cinco e a Federação, na pessoa do seu presidente – na altura o Dr. Silva Resende –, delegou na AF de Lisboa a representação de Portugal no Torneio, que teve início no dia 8 de Fevereiro.
‘fpf.pt’: Quais as principais dificuldades sentidas na altura, alguma história engraçada que se lembre que tenha acontecido?
António Silva: Lembro-me que a FIFA enviou a programação da viagem. O plano da viagem dizia que teríamos que apanhar o avião em Lisboa às 6h00 para chegarmos por volta das 18h00 à Corunha. Falei como o Secretário Geral, o Sr. César Grácio, e pedi que nos arranjasse a viagem de Comboio até ao Porto, de onde viajaríamos, de autocarro, até à Corunha. A FIFA não autorizou que viajássemos de outra forma, que não de avião, e lá tivemos de estar no aeroporto para partir às seis da manhã. Foram 12 horas de viagem desnecessárias.
Um episódio engraçado aconteceu após a chegada ao hotel. Deixámos as malas com os responsáveis da Federação espanhola e fomos dar um passeio e em certa altura pôs-se nevoeiro e demorámos bastante tempo a encontrar o Hotel.
No primeiro jogo, disputado no pavilhão do Riazor, que já tinha recebido jogos dos Campeonatos do Mundo de hóquei em patins, deparámo-nos com mais de 5 000 espanhóis a gritar pelo seu país – nunca tinha visto um pavilhão com tanta gente. Perante este ambiente, num pavilhão completamente lotado, os nossos jogadores – habituados a jogarem em pavilhões mais pequenos com muito menos público – durante os primeiros minutos acusaram um pouco o ambiente criado. Aos 10 minutos perdíamos 4-0, que acabou por ser o resultado final, pois nossos jogadores conseguiram, posteriormente, organizar-se.
O Séninho, infelizmente já falecido, foi considerado o melhor jogador do Torneio. Na comitiva viajou um árbitro [a FIFA obrigava a integração de um árbitro na comitiva], o Sr. Carlos Valente, que aprendeu as regras de Futebol de Cinco na Associação de Futebol de Lisboa, propositadamente para participar neste Torneio.
Nesse Torneio ganhámos o prémio Fair-Play, pois nenhum dos nossos jogadores foi admoestado com um cartão amarelo.
‘fpf.pt’: Quais as principais diferenças que se registam desde então?
António Silva: Existem muitas diferenças, fundamentalmente na Selecção e nas grandes equipas, mas o Futebol de Cinco, agora Futsal, não teve um grande desenvolvimento nos clubes mais pequenos. Estou ligado à AF de Lisboa desde 1980, e gostaria de poder ver o Futsal ter um maior desenvolvimento, o que infelizmente não tem acontecido.
Fonte: site oficial FPF
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