TALENTOS DO PAVILHÃO NOS RELVADOS
«E o futsal não é futebol?» - José Augusto
O seleccionador de futebol feminino, José Augusto, voltou a convocar atletas do futsal – Cláudia Neto e Jamila Marreiros, do CED Lagos; Liliana Dinis, do Avintenses; Ana Azevedo, do Mogege; Sofia Ferreira, do Aves; e Sofia Vieira, do Benfica) – para a Selecção de Sub-19, situação que considera normal: “O que é o futsal, não é futebol? Não se joga com as mãos, pois não? É futebol de sala, não quiseram foi dar o nome principal.” E refere: “Só não jogam futebol de onze porque onde habitam não há; se tivessem essa modalidade, ou até mesmo futebol de sete, possivelmente preferiam.”
A ausência de formação no futebol feminino é uma das razões para essa chamada, mas o técnico não duvida do seu valor: “Se há coisa que sabem fazer é jogar à bola.”
Selecção de futsal?
Apesar de não trabalhar há um ano, existe a Selecção Nacional de futsal feminino, orientada por Carlos Silva. O treinador não vê problemas na ida de atletas a estágios do futebol: “Estão inscritas na mesma federação e, não havendo competições oficiais, não vejo qualquer inconveniente.” Sobre possíveis problemas para a integridade física das jogadoras, é claro: “Eventualmente prejudica, mas aí o problema já não é nosso, é dos clubes. Por vezes são estes que querem que elas vão à Selecção de futebol! Em termos da evolução da atleta não é bom, mas é excelente para o seu ego.”
A ausência de trabalhos da Selecção feminina de futsal, que viu alguns estágios programados serem anulados recentemente, é justificada por Carlos Silva: “Não existe quadro competitivo a nível da FIFA e UEFA. Não havendo jogos particulares, por falta de dinheiro ou outras dificuldades, não se vai trabalhar apenas porque existe uma Selecção.”
O último jogo da equipa A foi a 25 de Abril de 2004, em Rio Maior, ante a Espanha.
Amândio de Carvalho: «Só as jogadoras podem opor-se»
Confrontado com a ausência de trabalhos da Selecção Nacional de futsal feminino há quase um ano, o vice-presidente da FPF, Amândio de Carvalho, garantiu que aquela selecção ainda não foi extinta: “O treinador continua em funções, mas não há competições. Têm contactado algumas congéneres europeias para fazer jogos particulares, mas não têm encontrado receptividade.”
Sobre a convocação de jogadoras de futsal para a Selecção Sub-19 de futebol, o dirigente refere: “Já conversei sobre essa situação, parece caricato, é tudo diferente, o piso, as características... Mas não há nada que proíba essa situação, e só as jogadoras podem opor-se.
Pedro Silva crítico com José Augusto
O treinador do futebol feminino do Boavista, Pedro Silva, é um dos maiores críticos da convocação de jogadoras de outras modalidades – já chegaram a ir atletas do basquetebol e andebol à Selecção de futebol – por José Augusto: “Quando Portugal jogou com a Itália em Santa Maria da Feira, em Fevereiro, o seleccionador teve uma reunião com os treinadores do Norte, em que nos explicou porque levava jogadoras de futsal. Aceitámos as justificações mas discordamos delas.”
O técnico axadrezado prossegue: “É mau porque estamos a aproveitar um trabalho que está a ser feito, e muito bem, no futsal, e não se faz nada para desenvolver o futebol feminino.” E conclui: “A única semelhança que há entre as modalidades é que se joga com os pés, de resto é tudo diferente: tempo de jogo, piso e regras.”
Catarina Câncels sem saudades do futebol
A capitã da equipa de futsal do Benfica, Catarina Câncels, já passou pela Selecção de futebol, numa altura em que ainda não existia a da sua modalidade: “Foi muito difícil, só senti facilidade quandon num treino jogámos quatro contra quatro. Perdi-me completamente no campo, não conseguia equilibrar-me nas chuteiras, há muitas difirenças em termos tácticos e físicos. Disse logo que nunca mais lá punha os pés!” E acrescenta: “Não estou a ver o André Lima a jogar a médio-centro nem o Figo como ala.”
Catarina vai ainda mais longe: “Não tem cabimento as atletas irem à Selecção de futebol, quando há uma de futsal. Se não trabalha há um ano é porque a FPF não quer. Há muitas selecções a quererem jogar connosco, como a brasileira ou a espanhola, mas não aceitamos os convites.”
Notícia publicada no Record - dia 6 de Abril
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